ISAIAAAaaas!

Ora aqui está ele. Um dos jogadores que fazia parte da equipa do Glorioso que eu mais gostei de ver jogar. Para mim, representa tudo aquilo que tornou aquele onze memorável: boa preparação física; determinação a atacar e a defender; destemido na altura do remate (para infelicidade de muitos dos que assistiam aos jogos atrás das balizas); muita dinâmica pelo campo a fora; e, sobretudo, um orgulho latente na forma de representar o Benfica.

Encolham-se:

No fundo são muito parecidos


Uma das maiores angústias que sofri enquanto benfiquista deu-se quando ouvi num rádio qualquer que Paulo Sousa tinha desertado para o SCP. Não foi o alvo da mudança que me consternou. Foi mesmo o acto. A deserção. Senti-me completamente traído por aquele que, na altura, era para mim o melhor “trinco” que já alguma vez já tinha visto jogar (hoje continua a ser a minha bitola de avaliação da qualidade daqueles que vão aparecendo). Já antes tinha acontecido com Dito e Rui Águas (e eventualmente outros que não sei) mas a saída (traição) de Paulo Sousa foi marcante pelo travo de injustiça que deixou. Pela forma abrupta, mercenária e pouco dignificante como o fez, desejo que nunca mais volte ao Benfica. Não merece. Nem ele nem nós…

Hoje, passada mais de uma dezena de anos, aparece n’A Bola uma entrevista de Manuel Fernandes onde este afirma que há mais de três meses que já tinha dito ao Presidente que não queria ficar no Benfica. Na prática, voltou cá para se valorizar mais um bocadinho, sabendo que ia sair porque “não recua na palavra dada”. Pouco digno. Quer para o Clube, quer para ele, digo eu.

Eu sei que o dinheiro é importante, a carreira é curta, o profissionalismo obriga a esfriar o coração, há que defender os interesses das partes, e mais não sei o quê com que se costuma defender estas transferências de honra. Mas custa-me imenso ver que são jogadores criados no clube que dão as maiores facadas na mística. E custa-me ainda mais frases do tipo “Não tenho nada contra o Clube. Só contra certas pessoas”. Pois, mas o mal que fazem é ao Clube, não a “essas pessoas”. Frases dessas são tão falsas como o comportamento. Mais vale estarem calados…serem só profissionais na vertente mais obscura que o adjectivo encerra.

Nestes casos lembro-me sempre do Rui Costa. Saiu como deve ser. Foi enorme em todos os aspectos que fazem um jogador e um homem. Voltou enorme. E vai acabar mais enorme ainda. É um excelente exemplo de que para se ser “profissional” não é preciso ser sacana. E que afinal, independentemente da compreensível ambição desportiva e económica, é possível ir fazendo contratos sem desgastar a alma.

Para mim Paulo Sousa e Manuel Fernandes não são só parecidos na posição de jogo e na forma esclarecida, elegante e excelente como a desempenham. Lamentavelmente.

Ser Benfiquista...

Sempre entendi esta empolgante condição como algo que nos impele a dizer bem de nós e não mal dos outros. Somos enormes o suficiente para poder ocupar o nosso tempo só connosco, não precisamos olhar para baixo para procurar defeitos. E sim, ser Benfiquista é ter na alma a chama imensa que nos obriga a criticar quando sentimos que o devemos fazer, porque se o Glorioso fosse um clube perfeito não tinha piada nenhuma, e nunca alimentaria esta paixão tão grande como o orgulho de a ter.